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Descobrindo o urgente e o importante

Descobrindo o urgente e o importante (escrito antes da pandemia)

(Comentario pos pandemia) Interessante reler meu texto e ver que de alguma maneira a atual crise pode estar ajudando a organizar e priorizar as coisas.

Há algum tempo, estamos falando do estilo de vida corrido, das dificuldades em ter uma boa qualidade de vida e da falta de tempo, a resposta para solucionar estes assuntos, segundo relata o autor Wagner, J. (2001) no livro: “A arte de planejar o tempo”, está em primeiro, a pessoa definir a precedência ou prioridade de alguns poucos eventos. Vamos iniciar hoje tentar desvendar este assunto.

O que é prioridade? O que é prioritário para você? 

Qual a relação entre prioridade, necessidade, urgência e importância? 

Segundo o dicionário da Língua Portuguesa: “prioridade é o que vem primeiro, o que tem precedência ou antecedência no tempo”. Porém, aí surge uma outra questão: “O que deve vir primeiro, o urgente ou o importante?”

Vamos primeiro tentar definir o que é importante.

Pense um pouco: O que mais importa na vida? É a mesma coisa que perguntar: o que tem mais valor? Importância é sinônimo de valor.

A distorção mais freqüente é confundir urgência com importância. A rigor, urgência se refere a prazo e importância se refere a valor. Importante é o que tem valor e o maior valor deveria ser a maior prioridade. Mas, importância e urgência se confundem. Ao invés de agir sobre o importante, reage-se à urgência.

O grande motivo dessa confusão é que há uma ligação indireta entre a noção de valor e a de urgência, pois, o fim do prazo de alguma coisa marca extremamente o instante em que ela perdeu seu valor. Não importa quanto valor tivesse, após o final do prazo seu valor é zero. Qual o valor nutritivo da comida estragada? Qual o valor de uma proposta comercial não entregue no prazo? O autor Wagner fala: “ao fim do prazo, a urgência, faz eclodir um sentimento de perda”.

Mas, poucas coisas têm um prazo final. As coisas mais importantes da vida não tem prazo. Não existe um prazo para ser feliz, não há um prazo para realizar um sonho. Entretanto, quando se impõem um prazo para realizar um sonho, as pessoas se mobilizam no sentido de realizá-lo.

Ocorre que, ao natural, as pessoas se mobilizam mais pela possibilidade de perda do que pela afirmação de valor. Ninguém aceita a perda de um valor, mas quase todos aceitam retardar sua realização, ou seja, aceitam não realizá-lo. Só conseguem dar valor diante da perda. Só conseguem viver o valor em negativo. Mobilizam-se pela perda e não pela afirmação do valor. Esta é a origem do adágio: “Eu era feliz e não sabia”. É comum só reconhecer um valor quando ele é perdido. Isto é natural, mas nem por isso é lógico. É real, mas nem por isso é certo.

A urgência detona o sentimento de perda e a ansiedade. Parece que o que é mais importante é aquilo que gera mais ansiedade. Passa-se a medir o valor pelo grau de ansiedade gerado pela possível perda. A confusão é tanta que alguns dizem que a urgência é mais importante do que a própria importância. Ora, isso é um completo contra-senso. É confundir valor com ansiedade. 

Cecília Urbina – psicóloga  CRP- 12/00957