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O Egoísmo Saudável

O EGOÍSMO SAUDÁVEL

preocupação por não ser egocêntrico, a cobrança para não chegar a ser e, a exigência: “tenho que ser bonzinho com os outros”, é algo frequentemente ouvido e até sentido por nós. Por que olhamos o egocentrismo como negativo? De onde vem essa ideia? Penso ser uma questão que vem da sobrevivência de nossa sociedade. Não conseguiríamos viver no mundo como o conhecemos, com todas as pessoas olhando para seu próprio umbigo. O sistema não aguentaria, ele precisa manter-se, e por isso não pode aceitar a individualidade (por ela ir contra o coletivo). A sociedade sempre necessitou manter o controle externo, e no momento que muitas pessoas regem a si mesmas, o sistema perde o controle, perdendo o poder. É uma questão até ideológica, porque o contrário é verdadeiro: quanto mais se individualiza a pessoa, mais ela se dignifica. Quanto mais se conhece, mais a pessoa vive bem.

O princípio do coletivo, na verdade, é um jargão. O nosso dever de estar direcionados ao coletivo nos subordina a uma entidade subjetiva, que em si não existe. Por trás disso, parece ser mais uma ideologia da classe dominante que as pessoas pensem assim, para manter o controle social e o status. Não desejo focar nesta análise, não sendo minha principal preocupação, tampouco quero caracterizar “o ter uma visão paranoide da sociedade”.

Voltemos a ideia de ser uma pessoa egoísta. Será que o próprio grupo não vai eliminando quem só pensa em si, quem não pensa em partilhar, e em ajudar os outros? Se pensa que sendo egoísta o mesmo não vai dar retorno. É uma ideia interessante, no mínimo bastante otimista. Mas a deixo como pergunta, porque me parece que a sociedade está enchendo-se de egoístas, mais fortes, enrustidos e escondidos. Porém é melhor sairmos deste pensamento antes de ficarmos desesperados. Vamos na busca de outro modelo ou ideal de vida.

Será que podemos estar olhando e preocupando-nos com o nosso “eu”, e ao mesmo tempo com isso os princípios humanos ficarem mais fortes nessa procura de dignificar-se como ser humano?

Pensamos sempre o egoísta numa posição materialista. Poderia criar-se uma visão positiva dele. Seria: o egoísta primeiro se preocupa em arrumar “sua casa” e, depois, pode realmente cuidar dos outros. Devemos esclarecer que os termos “egocêntrico” e “egoísta” não são sempre sinônimos, e que uma dose de egocentrismo é boa, e até necessária.

Em termos psicológicos devemos buscar autoconhecimento, a autonomia e a autossuficiência.

autoconhecimento nos leva a ver claramente o que é o meu e o que é do outro. Possibilita estar mais conectado consigo mesmo, assumindo os pontos fortes e os fracos, (os quais podem melhorar). A consequência do autoconhecimento é a autoconfiança, com a segurança de estar centrado em si, não significando que vai perder a capacidade crítica, mas sim, com uma crítica mais apurada buscando sempre melhorar como pessoa.
       
A autoconfiança não necessariamente deve estar acompanhada da arrogância. Porém, quando os outros olham alguém mirando para seu umbigo, com frequência o criticam, porque ficam assim com o compromisso e a necessidade de eles mesmos assumir sua própria responsabilidade dos fatos, de suas próprias características e, junto com isso, as suas próprias inseguranças.

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Cecília Urbina, psicóloga.
CRP/12-0957 Membro fundadora da CERES (Associação Criciumense de apoio a saúde mental)