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A depressão sempre é um assunto discutido na saúde mental, pela importância da sua prevenção, já que ao longo da vida entre 10% e 25% das mulheres e entre 5% e 12% dos homens, tem algum episódio depressivo (segundo a OMS). E ainda, um dado mais assustador. Entre os gravemente deprimidos, 15% se suicidam.

Para fazer diagnóstico de depressão a pessoa tem que apresentar os sintomas há mais de duas semanas. O quadro têm que trazer sofrimento significativo e alterar a vida social, afetiva ou laboral do indivíduo. Principalmente, para se considerar a pessoa num episódio depressivo, tem que sentir-se triste durante a maior parte do dia, quase todos os dias e perder o prazer ou o interesse em atividades rotineiras. Outros sintomas que podem apresentar são: irritabilidade, desesperança, queda da libido, alteração do peso, dormir demais ou de menos; sentir-se cansado, sem energia, sentir-se inútil, culpado, ansioso, sentir dificuldade em concentrar-se, tomar decisões e dificuldade de memória; ter pensamentos frequentes de morte e suicídio.

Para um leigo poder detectar a depressão podemos apresentar algumas sugestões. Se existe a suspeita de alguém estar depressivo pode-se perguntar a ele sobre coisas do dia-a-dia que gostava de fazer, tais como, assistir uma novela, brincar com o cachorro, ler jornal, escutar música.  A seguir, pergunte se ele continua fazendo, e tendo prazer ao fazer tais atividades; depois se ele se anima com coisas positivas que estão para acontecer, se tem esperança;  se a tristeza que ele está sentindo é diferente da tristeza que ele já sentiu quando viveu outras situações difíceis; e por ultimo sobre desejo de estar morto, ou de se matar.  Se ele responder positiva a mais de uma destas perguntas essa pessoa precisa de ajuda.

Com essas situações, devemos perguntar-nos; Qual o melhor momento que deve-se buscar ajuda para um depressivo?

A minha resposta é: Sempre. Sempre é um bom momento de ajudar. Se a pessoa tem um quadro leve vai se beneficiar. Se a pessoa esta com um quadro mais grave vai poder ate evitar-se uma tragédia. De fato todos, nos sentimos melhor com a atenção de outro, não é assim?

Devemos ter presente que a pessoa depressiva pode até ter a idéias de suicídio. Mas para chegar a isso à pessoa tem que ter algumas características.  Eles tem ambivalência, ou seja, quase sempre querem ao mesmo tempo alcançar a morte, mas também viver. O predomínio do desejo de vida sobre o desejo de morte é o fator que possibilita a prevenção do suicídio. Se for dado apoio emocional e o desejo de viver aumentar, o risco de suicídio diminuirá.  Dentro de outras características, a que me parece mais importante a á alteração de pensamento. A pessoa pensa de uma maneira dicotômica. A consciência da pessoa funciona de forma: tudo ou nada. Ou como informalmente se fala, para essas pessoas as coisas são 8 ou 800. Assim, eles pensam constantemente sobre suicídio como única solução e não são capazes de perceber outras maneiras de sair do problema.

Mas para finalizar, como você pode ajudar?

Pode ajudar tendo uma conversa com a pessoa que lhe preocupa. Todo mundo pode conversar e sabe conversar.

O primeiro passo é achar um lugar adequado, onde uma conversa tranquila possa ser mantida. O próximo passo é reservar o tempo necessário. É preciso também estar disponível emocionalmente para lhe dar atenção.

E o mais importante é realmente ouvi-las. Conseguir esse contato e ouvir é por si só o maior passo para reduzir o nível de desespero.

Cecília Urbina
Psicóloga CRP 12/00957
Membro fundadora da Ceres
Associação Criciumense de Apoio à Saúde Mental