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Sobre a diferença entre os portões da cidade e as bocas

Outrora vivia um rei oriental cuja sabedoria iluminava o país com um sol, cuja inteligência era ímpar, cujas riquezas superavam largamente as de qualquer outra pessoa.

Um dia um vizir de semblante triste abordou-o. “Grande sultão, Vossa Majestade é o homem mais sábio, maior e mais poderoso de nosso pais”, disse ele. “Vossa Majestade é o senhor da vida e da morte. Mas o que eu ouvia enquanto viajava pelo pais? Em toda a parte as pessoas vos elogiam, mas algumas pessoas falaram muito mal de Vossa Majestade. Contaram piadas e reclamaram das vossas decisões sábias.

Como é que acontece, mais poderoso dentre os poderosos, de existir tamanha insubordinação em vosso reino? O sultão sorriu indulgentemente e respondeu: “Como todos os homens de meu reino, tu sabes o que tenho realizado por todos vós. Sete paises estão sob meu controle. Sob meu governo, sete paises alcançaram progresso e prosperidade. Em sete paises, as pessoas me amam por causa da minha justiça. Tu certamente tens razão. Posso fazer muita coisa. Posso mandar fechar os portões gigantescos da minhas cidades. Mas há uma coisa que não posso fazer. Não posso fechar a boca de meus súditos.

Realmente, não é uma questão das coisas más que algumas pessoas dizem a meu respeito. O importante é que eu faça o bem.” 

(O mercador e o papagaio – Nossrat Peseschkian)